quinta-feira, junho 08, 2006

A pitangueira


Olhei no relógio e era 8 e 3 da manhã
Um sentimento de mudança de planos
E de um prazer imenso veio
Ainda assim embacei um pouco
Parada, olhando pro nada
Mesmo já tendo certeza do óbvio

Saí andando
Com uma convicção
Começando a sentir uma sensação nova
De um dia diferente
De uma manhã pra mim
Como eu não tenho há muito tempo

A idéia era voltar pro quarto e estudar
Mas aí surge uma nova velha idéia
De ir pra essa pracinha
A velha nova pracinha da minha rua
tocar uma viola

Só de entrar eu pensei em quanto tempo eu não pisava ali
E depois de três ou quatro degraus
Olhando pra um dos bancos
Me vem
Me vem aquela sensação nostálgica
( e ontem minha mãe me disse que eu sou tão nova, tão nova,
pra saber o que era nostalgia)

Nossa, a quadra!
E melhor ainda
O murinho em volta da quadra
Onde a gente andava se equilibrando
Terminando lá atrás das grades, no meio da terra e do mato
Me veio também uma lembrança de um cheiro
Um cheiro de chão e de sujeira
De suor
Quando se corre muito e cai no chão
E quando se deita no chão sujo!

Cada pedaço daquela paisagem
Me dava vontade de estar em todos os lugares
Eu queria sentar em todos os lugares pra tocar
Era isso que eu precisava!

Agora são os moleques da minha rua
Que fazem isso!
Mas eu também quero fazer!
Quero brincar também

Mas aí eu olho pro lado esquerdo e vejo ela
Ela!
A pitangueira
Daquele mesmo jeito
Aí eu lembrei da gente
colhendo um monte de pitanga e comendo
E jogando as sementes no chão
E foi aí que meu olho se encheu de lágrima
E no mesmo momento também me senti um pouco clichê
Mas logo depois veio a sensação e a percepção
De como você é importante
Como você é eu
De como eu posso me sentir à vontade com você
E como a gente sempre vai ter uma ligação
Mesmo que eu ou você não queira mais
E só de escrever isso eu choro!
Ao som de um píano cronometrado pra intervalos específicos (!)

Aí eu fiquei procurando uma pitanga pra comer
Pra ver se eu sentia aquela infância de novo!
E me deu um desespero procurar
Morrendo de esperança
E não achar porra nenhuma
Só folhas e galhos!

Não é época de pitangas!!!

Isso me deixou triste, mesmo que não percebendo muito
Saí de lá e fui procurar outro lugar pra sentar
Mas acabei voltando e sentando no banco embaixo da pitangueira
E comecei
No meu chorinho tão novo!
E tão meu!

Pensei nas pessoas donas dos passos que ouvi
Andando pelo estacionamento do hospital
E se elas estavam gostando do meu som

Pensei nos vizinhos que poderiam estar acordando
Ouvindo esse som
Ou simplesmente acordando
Por causa do som

Pensei nele e em como deve ser
Ter sempre esses amigos sempre por perto
Os velhos amigos
E ainda tocar com eles!

Olhei as àrvores do estacionamento
Pareciam tiradas de um filme de terror!
Ah sim,
Não é época pra nascer flores tbm!
E por que eu nunca aproveitei a primavera?

Depois veio a minha própria pressão pra compôr algo
Começou assim mas terminou assado
Começou com um acorde menor, triste
Mas colorido
Falando:
" Chora mais um pouco que o sono vem"

Mas o tom mudou
E de repente ainda era triste
mas virou a bossa!
Ah não, agora é a balada clichê!
Ah, agora é um som nordestino
Com samba!

Aaaaah!
Terminou em samba!
Samba que vai se cortando pela metade!

Foi-se!

E o sol também vinha, chegando
Devagar
Depois rápido
Eu até mudei de lugar pra sentir ele
Que calor! Que gostoso!

Pensei no meu quarto!
Argh!
Pra que ficar num lugar fechado desse jeito?
Pensei na cara da minha mãe
E em como minha casa é fria
Fria no sentido corporal
E não emocional
Se bem que...

Amor de mãe que sufoca!
Mesmo bem intencionado!

Enfim,
A lição de hoje é de novo o amor
Mas o amor junto com a brincadeira gostosa de criança!

Eu, criança, amando. Brincando de ser séria.

Não há pranto sem saudade. Nem amor sem alegria.

Como eu posso viver sem a tua companhia?

1 Comentários:

Blogger Karina disse...

Que lindo.
A "quadra" é f*da, né?! Hahaha.
Era tão grande pra mim aquilo!!
A pitangueira....
Pô, a pitangueira!
Tudo bem que eu só pegava as do chão, hahaha, era você que subia naquilo!
Mas eu também fazia de comida as frutinhas daquela outra árvore maior, lembra?!
Era demais fazer aquela "trilha" pelos cantos da quadra mesmo! Meu deus, quase eu também chorei aqui.
A gente tem que fazer pic-nico!
:[

7:50 PM  

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