segunda-feira, outubro 30, 2006

O corpo chora.

Às vezes só se pode ter um gostinho de amadurecimento quando se procura vivenciar coisas diferentes do que você foi ou é acostumado. Procurar o que você nunca fez, ou simplesmente fazer diferente. Se você geralmente fala, pára e escuta. Se fica quieto, vai e fala. Se fica na sua, vai na de todo mundo. Coisas assim.

Há pouco mais de uma semana eu decidi fazer uma mudança brusca. Começando coporalmente. Suando muito, sentindo a dor de se mecher muito, de fazer força, de equilibrar, de sentir, de olhar. Treinando capoeira todos os dias possíveis. Não quero nem ficar explicando ou argumentando nesse momento sobre como eu acho que o corpo é a cabeça e os sentimentos como numa coisa só.

Fui treinar num lugar novo, muito diferente do que eu tava acostumada. Com pessoas que nunca tinha visto na vida. Treinei também aqui em casa junto com um amigo. ( O que me rendeu um roxo fenomenal no joelho esquerdo...mas isso é detalhe! ).

O que eu vivenciei de diferente foi muito interessante.

Foi treinar com um cara que não vai deixar você ficar na moleza. Um cara que te desafia e que não dá espaço pra você ficar se queixando que não consegue, por exemplo. Que vai te proteger quando for preciso, vai te poupar, mas não o tempo todo, que vai querer ver você dar a cara à bater pra correr o risco mesmo, porque com esse risco você vai aprender muito.

Não é aquele tipo de relação onde a pessoa evita que você se machuque, mas sim, que você vá, se machuque, e aprenda a lidar melhor com as coisas.

Se o moleque tá subindo na árvore, vem a mãe: " Meu filho, desce daí já! Você vai se machucar!! ", e praticamente arranca o moleque de lá. Mas e se o filho subisse, caísse, se machucasse? Talvez fosse bom, porque aí ele teria mais cuidado pra subir nas coisas, pra se locomover, ganharia uma certa habilidade.
Preciso dizer também que em muitos momentos, usando esse mesmo exemplo, a mãe não vai deixar o menino fazer algo quando se machucar é certeiro, como deixar ele se jogar da janela do prédio porque ele acredita que é o super homem. Isso é óbvio...

Mas existe nesse cara, onde eu tô treinando, uma certa dureza que bate de frente com a maneira que eu fui criada. E é muito bom estar mamando em outras tetas. Porque eu começo a enxergar ( não que eu não tenha enxergado antes, mas que nunca deixa de ser válido) uma superproteção materna na minha criação, com outras coisas que não consigo definir com palavras agora, são coisas subjetivas demais, sensoriais.

Tenho a sensação de ser muito mimada também, o que tem um pouco a ver com a minha dificuldade em me esforçar pras coisas e muitas vezes não saber das valor à elas. Sejam coisas materiais ou emocionais mesmo.

Se for puxando daí, tem infinitas auto-revelações, de muitas maneiras.

Enfim. A mudança corporal realmente aconteceu e consequentemente afetou a minha maneira de acordar ( eu costumava sentir um peso de uma tonelada no meu corpo quando acordava, como se fosse muito muito muito difícil mesmo levantar, agora já consigo levantar e me mecher e me agilizar com mais facilidade), afetou o meu humor, o meu tesão em fazer as coisas, o tesão sexual também, o meu jeito de cantar, e assim vai...

Foram três dias seguidos. Muito bem treinados. Depois não rolou mais, por estar envolvida com outras coisas. Os dias em que fiquei parada, que não fiz um joguinho ou um treino, começou a me dar uma sensação muito ruim, de estagnação. De se irritar por passar a maior parte do dia sentada ou parada, sem fazer um esforço físico, sem suar. Tanto que o ápice foi no sábado, onde eu deixei de ir numa festa, que eu sabia que ia ser loca, e eu sou adoradora de festas e pessoas e loucuras por aí.
Fiquei confusa sem saber o que fazer e sem vontade de fazer nada também.

Hoje eu tava com o tempo mais do que contado pra votar, ensaiar e ir pra são paulo. Mas tive que colocar um som aqui e me movimentar pra voltar a ter vida. Nem que fosse por alguns poucos minutos. E tive um pouco à mais de vida mesmo.

Estou sentindo que sinto necessidade de estar me mechendo, todo dia, pro dia valer a pena. Seja jogar, dançar, trepar, tocar, cantar, alongar. Enfim. Botando energia pra fora, intensamente, corporalmente.

Pode parecer muito simples. Fazer um exercício físico todo dia. Mas isso é um fluir de energia no corpo que afeta totalmente qualquer coisa que você vá fazer.

Ah. E talvez o mais importante seja o tesão estar fazendo. Seja lá o que for.

4 Comentários:

Blogger Karina disse...

Você é a personificação do "se joga!!"
Haha
Que bom que tá revirando aí as coisas e achando outras melhores...
É verdade...sempre quando eu penso numa imagem da felicidade me vem à cabeça alguém com os braços muuuito abertos e sorriso exagerado e pernas esticadas e tudo tudo alongado!!
As coisas têm que ser no aumentativo. Olha só...'Tesão' já é!
=]

9:42 PM  
Blogger M Rodrigues disse...

Este comentário foi removido por um administrador do blog.

9:05 AM  
Blogger M Rodrigues disse...

Eu entendi o que vc quis dizer, na essência. Preferia não entender.
Esse negócio de machucar e aprender a lidar com a situação...é como quando vc se apaixona e tal e toma no cú, ou então quando está andando de skate...E praticar esporte, é muito bom.

9:09 AM  
Blogger M Rodrigues disse...

Tem gente nova na área.

9:04 PM  

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