sábado, novembro 10, 2007

Pulsação irreal.

Coração surreal.

Não. Não eram palavras dela. Mas eram. Ou foram, foda-se.

Não era morte, mas poderia ser. Não era dor, era incômodo sufocante. O pensamento doía mais do que o coração sem ar, mesmo rezando. Depois tentou pensar em todas as pessoas que conhecia, até aquelas que não amava tanto, que viu duas vezes na vida, ou as que apareceram desejadas de surpresa.

Desejava a felicidade pra todo mundo. Mas porra, e a dela? Ia ficar desejando a paz mundial e ficar sem ar nos pulmões?

Porque respirar não parecia ser muito involuntário. E a cada pensamento que vem, e são muitos( um caos de sons e vozes e caras e cenas e sempre uma música que não pára de tocar), trazia uma distração que a fazia ficar quase que sem respirar. E ter que ficar pensando em inspirar e expirar no sentido literal das palavras...enjoava.

E mesmo respirando fundo, quando achava uma passagem de ar, imaginava que as paredes das vias respiratórias estavam todas infectadas, então respirar fundo só ajudaria aquele cheiro, aquele veneno se espalhar mais ainda pelo corpo. E nascia uma confusão corporal insuportável.

Tomava água, mas o estômago não recebia bem, e a água parecia ser muito fraca pra conseguir limpar. Cuspia, tentava colocar pra fora. Mas parecia uma massa grudenta que precisava ser derretida pra sair. Com fogo, sei lá.

Só queria dormir, mas era incompatível. O coração estava a ritmo de corrida, de emoção, de ansiedade, que não existia realmente. Só queria dormir, desmaiar, sei lá, pensava até nos remédios pra dormir que causam sonhos estranhos.

Das coisas que você não precisa, mas quando faz, nasce a necessidade de outras que você também não precisa.

E a felicidade que lhe custou isso?

Era uma felicidade macabra, sanguessuga, disfarçada de auto-confiança e coragem. Bruxismo, psicose.

E no fundo sabia o que era tudo aquilo. Mas é aí que entra a ilusão. Um super homem em menos de 10 segundos, sem precisar de cabine telefônica nenhuma, talvez um carro, ou um banheiro, ou qualquer superfície plana e lisa.

Até para quem ela era sempre linda, ficava feia, estranha. Cantando as músicas, parecia mais uma bruxa cantando a receita da sua sopa venenosa.

Algo que impedia de sentir tesão sexual e gozar não poderia ser algo bom, poderia?

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Entre as rezas ela pedia pra afastar todas as coisas ruins do seu caminho. Ai ai. Como se rezar fizesse o mundo cor de rosa. Ao menos masturbava um pouco o pensamento.

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Ainda bem que é ficção.

2 Comentários:

Blogger Ivan Strazzer disse...

a bem, né!

já virou uma das minhas escritoras prediletas, linda!!

amo o seu estilo.

beijo beijo

3:18 PM  
Blogger Karina disse...

repete pra ver, repete.

9:51 PM  

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